terça-feira, 14 de junho de 2011

Espelho




Passamos por muitas coisas na vida (assim como todo mundo)... 
Somos maltratados mais do que devíamos, já fomos negligenciados...
Já mergulhamos muito de cabeça em lugares que nem sabíamos aonde dariam...
e todo dia eu só rezo pra que nossos corações não endureçam...
Se às vezes sou falho é por pensar demais, ponderar...
Fico sim com receio de demonstrações rápidas e efêmeras de afeto...
Mesmo acreditando ainda em amor a primeira vista e essas coisas...
O desejo mais latente agora é de ter alguém que goste da gente (e claro, que esse sentimento seja recíproco)...
Mas precisamos de nos sentir queridos, desejados, e por que não amados...
Cansa demonstrar interesse, se sentir envolvido e de repente tudo mudar...
Os discursos, as falas, as ações...
Se falho é por causa dessas ponderações e por não verbalizá-las!
Estamos vivendo em um mundo em que todos precisam da entrega da outra parte,
mas ninguém está disposto a se entregar, por medo, descaso, frieza ou por conta de um coração endurecido.
Ai,ficamos assim, esbarrando uns nos outros...

Repetidamente...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Samba Crioulo





Samba do crioulo doido, sambam todos, na magia de seus enredos mentirosos, na fantasia de suas vidas ilusórias, de felicidade aparente, de um rosa opaco, porém, reluzente.

Tudo é festa, tudo é alegria, frágil porcelana a mostra para uma platéia sedenta de notícias, de sangue, desgraça e a queda. E há queda!


Samba o crioulo doido, doido para o fim da canção, acompanhado por passistas sem ritmo, sambando nuas nas caras de pandeiros mudos, em busca de atenção, admiração ou algum convite que esquente seus corpos já frios.


Frio está o crioulo, doido para que o verão chegue logo, para que o calor esquente seu corpo, para que as passistas voltem a ser mulheres de trajes normais, vidas normais, doido para que as fantasias não precisem mais de máscaras, ou para que as máscaras sejam tiradas após a canção.


Samba como se já não quisesse o fim da música ou o início daquela mesma vida vazia.


Já que acabando o espetáculo, o pandeiro mudo ressoará o seu apelo, sozinho em casa, no escuro, à luz de telas:


“Bate outra vez, com esperanças o meu coração, pois já vai terminando o verão, enfim...”



Bruno Souza