quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Epifania






Queria escrever uma história de amor, luta, superações e felicidade, De onde vem a inspiração? Talvez do desejo de que aconteçam. Talvez da fé!


Contarei aqui, resumidamente, fruto de uma mente orbitando a mil, e de um processo criativo duvidoso, uma história, a história de um menino e seus motivos (ou desculpas).



Era uma vez, um menino cercado por pessoas depressivas, cresceu no meio delas, pessoas de todos os níveis de depressão, incluindo os eufóricos – que mais tarde ele veio a descobrir que são depressivos também, muitas vezes nem tomam conhecimento que são – haviam aquelas com mania de grandeza, os com complexo de inferioridade, os com sensações de perseguição, os que se sentiam incompreendidos, aqueles que nada sentiam, os frios, os passionais, dentre muitos outros. Essas pessoas embutiram, ou o projetaram para uma nostalgia, melancolia, que a princípio não eram dele, que o seguiria por grande parte da sua vida – digo isso, pois perdi seu paradeiro, não sabendo se esse sentimento foi revertido, superado ou o acompanha “para sempre”.



Bem, nessas idas e vindas de alterações de humor do seu mundo, ele mantinha sua alegria como a de um menino, o que na verdade ele o era. Mesmo com sua pouca idade, ele aconselhava, escutava, amparava e carregava os moribundos solitários (muitas vezes acompanhados) que pelo seu caminho cruzavam. Muitas vezes parecia ter um imã, como um garoto, com uma antena TV, andando em um campo de futebol, em plena tempestade, e haviam muitos raios. Ele era um sucesso! Ao mesmo tempo em que, atraia a tempestade, abrandava, logo o sol saia para todos. O que ele não sabia era que à medida que levantava alguém do chão, ficava mais fraco, mais vulnerável, mais humano, mais velho.



Pois bem, dessa forma gradativa o menino foi tomando forma de homem, e não mais se baseava nas experiências dos outros para sua formação de “gente grande”, foi também adquirindo suas próprias experiências, perdendo a inocência de “gente pequena”.



Sua vida não foi fácil, mas como nenhuma o é. Tinha suas frustrações como profissional, como pessoa, como parte de alguma coisa e frustração em relação “a essa coisa” da qual fazia parte.



Ah, e no amor, nunca teve muita sorte, uma por amar demais, noutra por amar de menos, em uma por ser tudo tão certo, noutra tudo tão errado. Tiveram aquelas situações também em que os amores passaram e prometeram, mas não foram nada, mas dessas, ele só sentia pena – não das partes envolvidas, mas sim da energia desperdiçada.



Cada vez mais fechado, cada vez mais no seu mundo, ele foi descobrindo sua força, e com ela suas fraquezas. Descobriu do que realmente gostava, e do que não gostava. Descobriu um mundo e rodou por ele, sem cansar, tropeçando nos mesmos buracos até descobrir que era só mudar o caminho. Pegando chuva e despejando seus raios pelos campos de futebol. Virou tempestade!



Na ultima vez que me deparei com esse menino (em meus sonhos), homem já crescido, ele estava bem, sem amor ainda, ainda procurando e desejando esse amor e vida intensa “com cada fibra do seu ser” (palavras que ele usou). Continua cercado pelas mesmas neuroses e neuróticos, com as mesmas depressões e deprimidos, com o mesmo imã e tempestades.



Aquele menino que lutava pra ser homem antes do tempo, e o conseguiu ser com maestria, hoje, homem, já feito, me confessou que o que mais desejava era encontrar aquele menino novamente, dar a ele toda atenção roubada, toda a satisfação privada. Levá-lo pra soltar pipa, conhecer o gosto e graça por circos e palhaços, o empanturrar de doces e guloseimas das mais variadas, lhe dar um cachorro filhote, andar com ele na praia, deixá-lo exausto de tanto brincar e no final do dia, colocá-lo pra dormir, dar-lhe colo, contar-lhe uma história linda de um menino cercado de pessoas felizes, de coração puro, sem mentiras e egoísmo, numa terra de faz de conta, a mais real que ele ouvira, onde todos se preocupavam com todos, aonde todos se preocupavam com ele e o amavam, e não tinham vergonha de repetir isso, todos os dias, todas as horas, e depois disso, quando esse menino já tivesse adormecido, e partido para um mundo de sonhos tão bons quanto a história contada, tão boa quanto a vida que ele levava, velá-lo dormir até o dia amanhecer.



Depois disso, perguntei o que aconteceria, e o homem com barba na cara, sem derramar uma lágrima (por já ter derramado tantas) respondeu: Depois disso, eu poderia dormir em paz, pela primeira vez!



Pergunto-me como foi o futuro desse homem, me pergunto como foi o passado desse menino, mas principalmente, duas coisas não saem da minha cabeça: Terá o menino conseguido esse dia perfeito, esse carinho, esse colo, esse mundo real e de sonho? E terá o homem conseguido a sua tão esperada e merecida noite de sono, em paz?



Não consigo dormir pensando... Pensando... Pensando...




Bruno Souza

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Antes nada acontecia...

Antes nada mudava...

Antes todas as decisões eram difíceis...

Antes nada me inspirava...

Antes nada me dizia...

Antes, de nada necessitava...

______________

Em um dia de muitos acontecimentos...

Em momentos de muitas mudanças...

(Estava em) tempos de decisões difíceis...

Em tempos de nada pra escrever...

Em tempos de muita vontade de dizer...

Ou necessidade???

_______________

Agora me fecho para o que aconteceu...

Agora aceito me mudar...

Agora me exijo decidir...

Agora me forço à escrever...

Agora me proponho à dizer...

Tenho necessidades!!!

Bruno Souza

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Inacabado



Para que lateja, oh pobre e caro?

É por causa do sangue que o penetra,

ou seria pelo sentimento que o habita?

Estava quieto, mas não parado,

à contemplar uma vidinha sem emoções.

Desejou emoções?

Não!

Mas tome-as, elas são tuas, não minhas!

Será?

Ou eu desejei e não lembro?

Ou eu desejei em sonho?

E se o sonho se realizou?

Não! Não há de ser nada.

Mas se não há de ser nada, por que já é tanto?

(Texto: Bruno Souza)